Passam esta sexta-feira, 21 de Julho, cem anos do nascimento de Diamantino Vizeu, primeiro matador de touros português e fundador do Sindicato dos Toureiros, actual Associação Nacional de Toureiros e do Fundo de Assistência dos Toureiros Portugueses.
Nascido em Lisboa, Diamantino Francisco Martins Viseu não tinha qualquer ligação ao mundo taurino. As primeiras vacas lidou-as na antiga Feira Popular de Lisboa, depois de conhecer um amigo que frequentava a Escola de Toureio Júlio Procópio.
Actuou diversas vezes como toureiro amador em diversas praças portuguesas, até que conhecer o bandarilheiro espanhol “Puntaré”, que ao lhe reconhecer enormes qualidades o convidou a rumar a Espanha, onde conseguiu concretizar o seu sonho de se tornar matador de touros, numa altura conturbada em Portugal, onde o regime vigente havia proibido as corridas de touros integrais.
Debutou em Espanha em Toledo no ano de 1944. Em Portugal apresentou-se no ano seguinte em Santarém, onde as coisas lhe correram francamente mal, sendo em Vila Franca de Xira, no mesmo ano, que alcançou o seu primeiro êxito.
Debutou com picadores em 1946, na Real Maestranza de Caballería de Sevilha, onde cortou uma orelha, que lhe valeu muitos contratos.
A 23 de Março de 1947 na Monumental de Barcelona viria a tornar-se o primeiro matador de touros português. Foi seu padrinho Francisco Vega de los Reyes “Gitanillo de Triana”, e testemunhas Agustin Parra, Parrita, e António Bienvenida. Lidou nessa tarde o toiro Comerciante, da ganadaria Juliana Calvo Albaserrada. Em 15 de Julho do mesmo ano foi confirmá-la a Las Ventas, Madrid, com Pepe Bienvenida.
Ainda no mesmo ano, a 21 de Dezembro, apresentou-se na Cidade do México.
A partir daqui tornou-se numa das principais figuras portuguesas, sendo-lhe também reconhecidos inúmeros méritos fora das arenas, sendo convidado a participar em inúmeras atividades culturais.
Uma das participações “fora das arenas” mais conhecida é a sua participação no filme “Sangue Toureiro”, ao lado de Amália Rodrigues.
A 24 de Agosto de 1972 retirou-se das arenas, fazendo a sua despedida na Monumental do Campo Pequeno.
Foi condecorado com as Ordens de Benemerência e Mérito.
Além das suas qualidades artísticas, uma das suas obras maiores foi a fundação do Fundo de Assistência dos Toureiros Portugueses, em 1952. Percebendo as dificuldades dos toureiros da época, que no Inverno eram obrigados a penhorar os seus fatos para poder sobreviver, Diamantino Vizeu organizou os toureiros de uma forma ímpar, concedendo-lhes vantagens que à época eram impensáveis.
Ainda hoje a sua obra perdura no tempo, e além da garantia de sobrevivência dos toureiros, é também o garante do seu seguro em cada actuação.
Diamantino Vizeu viria a morrer a 12 de Outubro de 2001, vítima de um atropelamento na Avenida de Berna, em Lisboa, próximo do local onde vivia.