Faleceu esta sexta-feira, aos 92 anos, Rafael Peralta Pineda, reconhecido rejoneador, ganadeiro, artista. A notícia da sua morte, provocada por uma pneumonia severa, foi confirmada pelo Ayuntamiento local. O artista cigarrero encontrava-se internado no Hospital Quirón Sagrado Corazón, em Sevilha, onde morreu rodeado pelos seus familiares.
A capela ardente será instalada no Salão Nobre do Ayuntamiento de La Puebla del Río, a partir das 17h. O funeral está marcado para amanhã, sábado, pelas 12h, na paróquia local.
Nascido a 4 de junho de 1933, Rafael Peralta destacou-se como uma das grandes figuras do rejoneio espanhol. Com uma carreira fulgurante, ocupou lugares cimeiros no escalafón desde muito jovem e marcou presença nas mais prestigiadas feiras taurinas. Em conjunto com o irmão Ángel, integrou o lendário quarteto “Jinetes del Apoteosis”, ao lado de Álvaro Domecq e José Samuel Lupi, grupo que modernizou e popularizou o rejoneio em Espanha.
Entre 1970 e 1975, participou em 548 festejos, somando 1.788 orelhas cortadas. Liderou o escalafón nos anos de 1972 e 1973. A sua forma de tourear, inovadora e tecnicamente refinada, destacou-se pelo domínio dos pares de bandarilhas e pela forma como “carregava a sorte”, consolidando as bases do rejoneio moderno com o seu irmão.
A sua carreira prolongou-se por 44 temporadas, mantendo-se ativo nas principais praças até à década de 1990. Para além da arena, Rafael Peralta afirmou-se como ganadeiro, preservando desde 1953 o encaste “Contreras” e criando, com o irmão, a prestigiada ganadaria “Hermanos Peralta”. Em 1964, recebeu uma volta à arena na Real Maestranza de Sevilha em reconhecimento pela qualidade da sua ganadaria.
A sua yeguada, Peralta, continua até hoje dedicada à criação de cavalos de Pura Raça Espanhola de estirpe cartujana, tendo muitos deles brilhado tanto no rejoneio como em competições equestres.
Homem multifacetado, Rafael Peralta cultivou também a música e a cultura andaluza. Em 1977, lançou o disco Entre dos yeguas, galardoado com o prémio “Olé de la Canción”. Recebeu a chave da SGAE como autor de letras e composições flamencas. Criou ainda o projeto turístico “Rancho El Rocío”, um dos pioneiros do turismo de eventos na província de Sevilha.
O seu envolvimento social foi igualmente notável. Promoveu festivais em benefício de instituições como Cáritas e, durante 50 anos, organizou de forma contínua o festival em apoio à Casa Asilo de Medina de Rioseco, localidade da qual foi Hijo Adoptivo. Em 2002, foi distinguido com a Cruz de Ouro da Ordem Civil da Solidariedade Social, entregue pela Rainha Sofia.
Ligado a várias irmandades religiosas, era o número um da Hermandad Sacramental de La Puebla del Río e irmão da Hermandad del Baratillo, em Sevilha. Participou ainda como ator no filme Toro Bravo, deixando marcas na cultura popular andaluza dentro e fora das arenas.
A sua morte representa uma perda irreparável para La Puebla del Río, comunidade com a qual manteve sempre uma ligação profunda. Rafael Peralta Pineda deixa um legado notável na tauromaquia, na ganadaria, na cultura e na solidariedade social. A sua memória perdurará entre os que com ele conviveram e nas futuras gerações que continuam a admirar a sua trajetória.