A morte do jovem forcado, Manuel Maria Trindade, do Grupo de Forcados Amadores de São Manços, de 22 anos e de um espectador, ocorridas no passado dia 22 de agosto na Praça de Touros do Campo Pequeno, relançou o debate sobre a tauromaquia em Portugal, sendo aproveitado pelos partidos anti-taurinos para colocar novamente o tema na ordem do dia.
O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) apresentou na Assembleia da República um projeto de resolução que propõe a suspensão imediata dos espetáculos tauromáquicos naquele espaço e a sua reconversão num recinto multiusos destinado à prática desportiva e cultural.
O documento, subscrito pela deputada Inês de Sousa Real, considera que a tragédia testemunhada por centenas de pessoas, entre elas crianças, confirma que a tauromaquia é uma atividade anacrónica e violenta, que coloca em risco a vida de humanos e animais. Entre 22 e 24 de agosto, apenas em três dias, foram ainda mortos 30 touros em touradas licenciadas, facto apontado pelo PAN como retrato de uma prática “de sofrimento e crueldade” que a sociedade portuguesa já não aceita.
A iniciativa parlamentar recorda ainda que diversas entidades internacionais, incluindo a ONU, têm alertado para os efeitos psicológicos da exposição das crianças à violência associada às touradas. Além disso, sublinha que o setor continua a beneficiar de apoios financeiros públicos e de isenções fiscais, valores que, segundo o partido, poderiam ser canalizados para áreas essenciais como saúde, habitação ou educação.
O PAN defende que o Campo Pequeno, atualmente sob tutela da Casa Pia, deve ser reconvertido num espaço moderno, aberto a eventos culturais e desportivos, seguindo o exemplo de cidades como Viana do Castelo, Póvoa de Varzim e Albufeira, que já abandonaram a realização de touradas.
O projeto de resolução recomenda ainda ao Governo a criação de um plano nacional de reconversão das praças de touros em equipamentos multiusos e a eliminação de qualquer apoio institucional ou financeiro a atividades que impliquem sofrimento animal.