Quem teimou ao longo dos anos comparar Moura com Pablo Hermoso de Mendoza estava redondamente enganado, mas quem teimou também, comparar as aptidões de Pablo a Ventura e/ou vice-versa, também.
É possível gostar dos três, ah pois é!
Os três toureiros que coloco nesta equação, além de distintos no seu modus operandi dentro e fora da arena, viveram em tempos diferentes, havendo por isso um inevitável e inquestionável fosso por entre as suas aptidões físicas e mesmo psíquicas, fruto das suas vivências em momentos da história do toureio a cavalo, com as suas também dissemelhanças.
Com tudo isto quero dizer, que apesar das legítimas discussões ou debates sobre o tema, foi saudável que Moura e Pablo se defrontassem e que juntos, cada um com as suas “taras e manias”, pudessem competir, fazendo agitar as águas e em consequência, lutassem ainda que com letras diferentes, para a elevação do toureio a nível mundial.
O tempo passou e “nasceu” Diego Ventura, aquele que com a sua força inabalável se fez figura do toureio e aí, volta a controvérsia, a tal que sim faz falta sobretudo nos fóruns e tertúlias, mas que, apenas poderia ter tido frutos se ambos disputassem todos os grãos de terra da mesma arena. Aconteceu em algumas ocasiões, mas foi abortado o confronto nas maiores arenas do mundo e naquelas, onde o eco de triunfo poderia ter criado a expectativa das gentes, como poderia ter sido também um incremento de interesse e à vivacidade do rejoneo.
Questiúnculas à parte, cuja citação dos culpados não queremos aqui fazer, a verdade é que, o lema do “cada um no seu quadrado” em nada ajudou a alimentar a paixão por esta “modalidade de toureio”, fazendo com que nada, mas mesmo nada se beneficiasse tanto em número de festejos de rejoneo além-fronteiras, como em qualidade aquém-fronteiras.
Pois bem, por cá continuamos sempre e sempre com mais do mesmo. Com mais ou menos vindas isoladas destas mesmas figuras, mas sem dividirem cartel, todos nós vimos mais do mesmo, em posicionamentos confortáveis, pouco ditados pelo triunfo e competição, mas muito mais pelo número de praças que detenham os respectivos apoderados. Em Espanha idem, voltando a moda das mistas, mas num formato em que um nome, compete com ele próprio, lidando na maioria destes casos, um toiro, como se de um aperitivo se tratasse, para o que vem a seguir, ou seja, a “corrida a sério”.
Sevilha pode ter mudado o rumo da história. Regressou Ventura, encontrando-se com Guillermo Hermoso de Mendoza. Competiram e sabemos nós, que o fizeram em várias “dimensões”, pois o que estava ali a discutir-se era muito mais que uma saída em ombros, mas talvez, uma revanche… Quem ganhou? Todos nós!
Repare-se. O público respondeu ao chamado e os toureiros, colocaram tudo de si. O mérito de um, com qualidade e arrojo por todos os poros naquilo que é o expoente máximo do toureio equestre no momento. Ventura! E a tranquilidade de quem domina o seu “jogo”, numa abordagem completamente hermosina do que é lidar a cavalo. Guillermo!
Aguarda-se com expectativa que Sevilha tenha ensinado aos empresários aquilo que o público quer e precisa para regressar às corridas de rejoneo, bem como se espera, que acabem os favores que nos fazem a todos ter que ver combinações repetidas, sem interesse e sem competição.
Sem competição genuína, jamais haverá elevação!