Não foi uma corrida entediante, nem tão-pouco sem motivos de interesse… Houve prémios em disputa e desses, reza uma história poupada, pois por vezes, os prémios deveriam poder multiplicar-se em abono da justiça.
Ganhou quem ganhou (ler linhas abaixo), com justiça, é certo, mas António Telles poderia também ter ganho, pela segunda actuação, bem como no caso das pegas, onde as opções eram diversas. Manuel Dias Gomes não competia com ninguém e por isso, nada de prémios, mas a verdade é que a sua primeira faena, foi também de quilates assinaláveis.
Três quartos fortes de entrada, ambiente e repito, pouco tédio.
Comecemos pelo início.
António Telles foi autor de uma primeira actuação pouco embrenhada na regularidade e até sorte. O toiro que teve por diante era andarilho, adiantava-se e era no geral “chato”. Uns toques na montada em compridos, outros em curtos, e uma queda aparatosíssima. Felizmente tudo não passou de um grande susto, tendo o cavaleiro regressado à arena depois do pânico que tudo isto provocou.
Como a cátedra tem destas coisas, no segundo, tudo mudou e António Telles voltou em bom, em muito melhor, valente como as armas e a rubricar uma soberba actuação, das que valem e das que levantam praça. Entradas frontais, reuniões exímias e o público em pé.
João Moura Júnior andou também ele em bom e num plano digno de registo em ambas as actuações, as duas semelhantes no conceito. Cumpriu de boa forma a fase de compridos em ambos os toiros e nos curtos, uma sucessão de bons ferros, sendo que no segundo alegrou com ladeios vistosos. Terminou as funções com palmitos, como forma de adornar e rematar as suas prestações.
As pegas estiveram por conta dos Grupos de Forcados Amadores da Chamusca e Aposento da Chamusca.
Para a cara dos toiros destinados aos Amadores da Chamusca, foram: José Azenha, ao primeiro bom intento, na tarde em que fez a sua despedida das arenas e; Diogo Marques, à primeira tentativa.
Na linha da frente, vestindo a jaqueta do Aposento da Chamusca, estiveram: Vasco Coelho dos Reis, com uma tentativa, dobrando o único e derradeiro intento do cabo João Saraiva, caído inanimado na arena e; Tomás Duarte, ao primeiro intento.
E porque a corrida era mista, actuou ainda Manuel Dias Gomes, sendo a primeira das suas funções, das melhores que já se viu neste toureiro.
De capote, por veronicas e de muleta, aproveitando toda a mobilidade e capacidade de repetição do oponente. Labor importante por ambos os pitons, num toureio relaxado e com profundidade. No segundo e desta feita “sem toiro”, teve de puxar dos galões para arrancar passes isolados, na tentativa de não defraudar, contudo o toiro não permitiu – nada!
Bandarilharam os toureiros de prata João Pedro “Açoreano”, João Martins e Pedro Noronha, sendo que João Pedro Açoreano foi também colhido com aparato, felizmente sem consequências a registar.
Lidou-se um curro de toiros de Manuel Veiga, rematado e adequado à tipologia da Praça de Toiros da Chamusca, com tónica de mobilidade e transmissão, sendo o primeiro incómodo por se adiantar demasiado na viagem e ser andarilho. O segundo lidado a pé não permitiu luzimento ao matador de toiros Manuel Dias Gomes.
Os prémios em disputa, para a melhor lide e melhor pega, foram ganhos por João Moura Júnior (lide ao segundo do seu lote) e por Tomás Duarte, do Aposento da Chamusca (quarta pega da tarde), respectivamente.
Nota negativa para o “poeiredo” que vinha da arena, num aspecto e uma vez mais, a cuidar.
O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Marco Cardoso, assessorado pelo Médico Veterinário, José Luís Cruz.
Fotos: João Dinis