A direção de corrida não deve, nem pode assumir um papel de extrema visibilidade numa corrida. O protagonismo, num espectáculo cultural que embora tenha regras e balizas, deve ser indubitavelmente dos artistas e demais intervenientes criadores de emoções nos espectadores.
Quando uma equipa assume a Direcção de Corrida, as suas decisões devem ser concisas e cirúrgicas para que se tornem discretas e as menos discretas, que o sejam por sensibilidades afetas à arte que se desenrola na arena, como por exemplo uma atribuição de música antes do tempo que se configurou agora mais que nunca, ao segundo curto… Houve disso em Vila Franca, aquando da despedida de Rui Salvador e que bem nos pareceu.
Não deveria haver bons ou maus diretores, deveria sim haver, diretores que interpretam e colocam o Regulamento em prática da forma mais eficiente possível. O toque de sensibilidade e bom-senso também se aconselha e mais que nunca, porque está posta em causa por alguns Delegados Técnicos Tauromáquicos, que exista idoneidade e menos conflitos de interesses.
Pois bem. Este ano o TouroeOuro não pode deixar de congratular a audaz e idónea Direcção de Corrida do espectáculo anunciado para o Domingo de Outubro, na Palha Blanco e que “deitou ao chão” uma corrida que não cumpria os pressupostos exigíveis e exigidos pelo regulamento em função da tipologia e até prestígio da Palha Blanco. Foram muitas as tentativas para que se desse o festejo dentro do rigor, mas, não sendo possível garantir que tudo correria bem no que ao trapio e pese das reses concerne, Jorge Moreira da Silva, veterinário e Lara Gregório de Oliveira, Diretora de Corrida, inviabilizaram a corrida, mesmo sabendo que se tratava de uma decisão fraturante.
Defenderam a Festa. Fizeram-no por todos nós. Fizeram o que muitos já deveriam ter feito, que é tão-só o supremo interesse de quem paga bilhete.