Enquanto a escassos metros cantava um decano da música e pai do rock português, Rui Veloso, dentro, da Arena D’Évora, claro está, a música era outra e era tocada ao som de um curro imponente da lendária ganadaria Palha.
Na verdade, em muitas das lides foram eles quem mandaram, os Palhas. Tinham trapio, tinham condições de lide, mas não eram para meninos, essa é que é essa e principalmente os “meninos” sentiram algumas dificuldades, sendo Francisco Palha o cavaleiro mais solvente no conjunto das duas actuações, com mais ofício e em certos momentos até com algum brilhantismo. Tristão triunfou no último, deixando vir acima a casta de que é feito.
Maioral chamado a dar volta à arena após lidado o último. Com toda a justiça.
Francisco Palha foi autor de uma primeira actuação de grande nível, sem invenções ou alardes, mas com verdade e poderio. A brega foi imponente, mas o segundo curto foi de muitos, muitos quilates. Em suma, foi uma actuação da qual se pode orgulhar.
A segunda estadia na arena foi de menor efusividade mas de semelhante mérito. Bem nas reuniões, cravagens e lide na verdadeira acepção da palavra, com um toiro que não era propriamente fácil.
António Prates já não é propriamente novato, mas, diga-se em abono da verdade que este não é o tipo de toiro que lhe “assenta”. O seu primeiro pedia contas mas transmitia uma barbaridade na hora da reunião. Prates cravou destemidamente o primeiro comprido em sorte de gaiola, descaído, a que se seguiu outro comprido ainda mais descaído. A primeira fase das bandarilhas também não foi propriamente feliz, com o toureiro a passar demasiadas vezes em falso por insistir em batidas pronunciadas ao piton contrário. Logo que encontrou sítio e entendeu o oponente, deixou a ferragem de boa forma, ainda que sem brilhantismos. Frente ao segundo foi algo do mesmo género, com o toureiro de Vendas Novas a – cumprir!
Tristão Ribeiro Telles era o alternativado mais recente e notou-se-lhe um certo nervosismo e peso da responsabilidade. Afinal de contas, o nome do “inimigo” impunha… Lide meio desacertada até ao seu equador e depois, dois ferros a recuperar posição, que lhe deram música. A segunda lide e a que fechou o capítulo da noite, foi toda uma surpresa. Com um toiro excelente por diante, lidou-o na perfeição, com a sua “graça” e naturalidade. Bons ferros, público a corresponder o salto qualitativo do ginete.
Cumprindo-se a tradição, as pegas da noite estiveram por conta dos Grupos de Forcados Amadores de Évora.
Por esta ordem, seguiram na linha da frente os forcados João Madeira, naquela que foi a sua última pega, despedindo-se com chave d’ouro, ao primeiro intento; Henrique Corguete e Ricardo Sousa, à segunda; António Prazeres, ao terceiro intento; João Cristóvão, à segunda tentativa e; o cabo José Maria Caeiro, também ao segundo intento.
O festejo foi dirigido pela Delegada Técnica Tauromáquica Maria Florindo, coadjuvada pela Médica Veterinária, Ana Gomes.
Fotos: João Dinis (CLIQUE PARA AMPLIAR)