A Santa Casa da Misericórdia de Santarém realizou esta sexta-feira a cerimónia comemorativa dos 60 anos da Praça de Touros Celestino Graça, que contou com o descerramento de uma placa evocativa da efeméride, que fica agora nos corredores do tauródromo, na entrada do Sector 1.
Precisamente no dia em que passam 60 anos sobre a inauguração daquela que é agora a Praça de Touros em Portugal com maior capacidade de espetadores, cerca de 13 mil, e numa altura em que se fala da sua requalificação, o atual Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Santarém, José Miguel Noras salientou que “este é um património que merece ser preservado”, mas que a sua preservação e reconversão deverão ser cuidadas, “para mudar não é preciso destruir o que foi construído há 60 anos”, afirmou.
O responsável destacou todo o historial da Praça de Touros, por onde já passaram a quase totalidade das grandes figuras da tauromaquia Mundial, salientando o tauródromo que homenageia o grande impulsionador da Feira do Ribatejo é agora um espaço de interesse da autarquia, que tem um ambicioso projeto para requalificar o Campo Infante da Câmara onde a Monumental Celestino Graça está inserida.
História da Tauromaquia em Santarém
Desde 1825, a Santa Casa da Misericórdia de Santarém promove espetáculos tauromáquicos como fonte de receita para ajudar a sustentar os expostos a cargo do Hospital de Jesus. Em 1891, sob a provedoria do Padre João Rodrigues Ribeiro, a Mesa Administrativa decidiu adquirir a Praça de Touros de São Domingos, que a Câmara Municipal queria demolir devido aos altos custos de manutenção.
A escritura de permuta, que trocou o foro do Hospital Velho pela praça de touros, foi assinada em 4 de maio de 1892, incorporando assim a praça no património da instituição. A necessidade de um novo espaço surgiu devido às dificuldades de manutenção da antiga praça. Em 1954, sob a provedoria do Eng. António Manuel de Passos de Sousa Canavarro, foi decidido estudar a construção de uma nova praça de touros em alvenaria e cimento.
A Câmara Municipal de Santarém aprovou o projeto em 1956 e cedeu uma faixa de terreno necessária para a sua construção. Em 1957, foi solicitada autorização para vender a antiga praça de touros e utilizar o produto da venda na construção da nova praça. Em 1960, a provedoria do Dr. António do Rosário Marques nomeou uma comissão para tratar dos assuntos relacionados com a construção da nova praça, liderada pelo Eng. António Ferreira Quintas.
O projeto arquitetónico, concluído em 1961 pelo arquiteto Pedro Cid, recebeu um subsídio de mil contos do Ministro das Obras Públicas. A compra de 15.000 m² de terreno foi autorizada em 1961, com doações significativas de vários proprietários e da Comissão Pró-Touradas da Feira do Ribatejo.
Finalmente, em 1964, a nova Praça de Touros “Celestino Graça” foi inaugurada com uma lotação superior a 13.000 lugares. Atualmente, a Mesa Administrativa estuda novas alternativas para rentabilizar o espaço da praça, preservando as tradições tauromáquicas e salvaguardando os interesses dos mais carenciados.
Fotografia: Jorge Guedes / Rede Regional