O primeiro grande triunfo foi e será sempre o de Luís Miguel Pombeiro, que, críticas à parte e algumas delas justificadas, conseguiu levar o barco a bom porto neste festejo e encher o Campo Pequeno, ainda que sem esgotar.
Ambiente próprio de Campo Pequeno, ainda o tauródromo onde o público se arranja para ir aos toiros e isso é digno de registo. A melhorar a questão do pó, esta noite, em quantidade que incomoda e inviabiliza a boa apresentação das farpelas.
Comecemos pelo duelo protagonizado pelas jaquetas de ramagens, onde a competição é ainda o que era… E honra seja feita, muito do público que marcou presença na catedral do toureio a cavalo, era precisamente para ver isto: forcados, ou não estivessem presentes dois, dos mais icónicos grupos. Santarém e Montemor!
Vestindo a mais antiga jaqueta portuguesa, a de Santarém, estiveram na linha da frente: João Faro, ao primeiro intento; Francisco Cabaço, numa pega verdadeiramente de antologia, sobretudo no que foi a sua prestação individual, em que se transcendeu, aguentando voltas e mais voltas com o toiro a derrotar… emocionou o público que literalmente exigiu as duas voltas ao forcado, e; Joaquim Grave, à primeira tentativa.
Pegando de caras, representando o Grupo de Montemor, estiveram: António Cortes Pena Monteiro e Joel Santos, numa pega de cernelha efectivada sem grande brilhantismo, à segunda entrada; Francisco Borges, ao primeiro intento e; José Maria Cortes Pena Monteiro, à segunda tentativa.
O Grupo de Forcados Amadores de Santarém venceu o prémio ‘Nuno Megre´ destinado ao Melhor Grupo em praça e, Francisco Cabaço, o prémio ‘João Cortes’, destinado à Melhor Pega.
Refira-se com a pompa que lhe é devida, que a ovação mais cerrada e unanime da noite, foi para Francisco Cabaço e o resto, ficou longe, muito longe…
O sector das jaquetas de ramagens não ficaria completo, sem que se relate que foi feita uma oportuna Homenagem às antigas glórias das duas formações elencadas: Nuno Megre e João Cortes, a quem foram de resto destinados alguns dos brindes da noite, bem como ainda um ao vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa e outro ainda a António José Zuzarte, outro nome grande das jaquetas.
Acrescentar ainda, que foi também alvo de Homenagem e referência o 80º aniversário da ganadaria Murteira Grave. Foi aliás o ferro lidado e aqui, as opiniões podem resultar dissemelhantes, havendo de e para todos os gostos. Falta de “remate” para o Campo Pequeno, dizem uns; uns a servir e outros nem tanto, dizem outros e a verdade é que sim para ambos os casos.
No campo das lides equestres, três nomes díspares no que a conceito de toureio diz respeito, um triunfo mais consistente de Marcos Bastinhas, um João Moura Júnior longe do seu melhor e um António Telles filho com graça na primeira das suas estadias na arena. O público estava para se divertir e por isso e ao que ficou patente, pouco interessado em aborrecer-se. Desfrutou até do que não foi bom sem se ouvirem reclamações e por isso… tudo está bem assim!
Abriu a função João Moura Júnior com uma lide perfeitamente inadequada e fora do seu apanágio. Desajuste completo frente ao sonso de Grave, com passagens em falso e toques nas montadas, sofrendo mesmo um violentíssimo toque contra tabuas, provocando a queda do toureiro. Uma passagem para esquecer, atenuada com a lide do segundo do seu lote, na qual recuperou sítio, brilhando na brega a duas pistas, batidas ao piton contrário e duas mourinas com remates vistosos. Ouviu na ocasião o pasodoble com o seu nome, estreado hoje no Campo Pequeno.
Marcos Bastinhas foi autor de uma segunda prestação de nível agradável, sem erros relevantes mas ainda assim sem o fulgor da sua primeira, optando nesta ocasião pelo toureio mais aliviado e para a “diversão”. Recebeu bem o inimigo, deixando correctos compridos e também, posteriormente, solventes curtos. Terminou com um palmito e um par de bandarilhas. Contudo, foi frente ao primeiro toiro do seu lote que “viu” triunfo. Muito bem em todo o momento, ou seja, desde que foi “buscar” o Grave à porta dos curros. Ferros de grande nota e a rematar, um violino e palmo de grande execução. Feliz primeira passagem por Lisboa.
António Telles filho foi autor de dois momentos completamente diferentes. A sua primeira actuação decorreu em crescendo, com o toureiro a confiar-se à medida que a mesma ia acontecendo. Terminou em tom de triunfo, com três bons curtos e um palmito seguido de desplante. Frente ao segundo cumpriu com regularidade e foi bem aceite pelo público, ainda que no computo geral, a primeira função tenha sido mais meritória.
O espectáculo foi bem dirigido, com critério e até audácia pela Delegada Técnica Tauromáquica Lara Gregório de Oliveira, com assessoria veterinária a cargo do Médico Veterinário, Jorge Moreira da Silva.
Fotos: João Dinis (CLIQUE PARA AMPLIAR)